quarta-feira, 29 de julho de 2009

Escrito em um fragmento de papel higiênico encontrado em um banheiro de hotel ...

“A dor é tão intensa que me acorda no meio da noite.

Sonhava que estava no inferno.

Sonhava.

Algo esta a se remexer dentro de minhas entranhas, e avisa que, por bem ou por mal, vai sair.

Corro ao banheiro o mais rápido possível.

Na pressa esqueço-me de pegar um livro.

Sinto que cometi um grande erro, com o tempo que ficarei naquele banheiro seria possível ler “Ulysses” duas vezes, calculo.

Hoje completa uma semana que estou sem defecar.

Será que é culpa daquela buchada de bode de sexta-feira?

Os indigentes morando em meus intestinos não parecem estar muito contentes e provavelmente estão a trocar tacadas de beisebol entre si nesse momento.

Pontos escuros aparecem em minhas vistas.

Lembro de um amigo que dizia que existem coisas muito piores que a morte.

Ele por exemplo, perdeu o saco em uma cerca de arame farpado quando era criança.

Ele fugia de um cachorro.

Na escola ele teve que fugir das pessoas.

Merda! Já não consigo mais pensar em outras coisas, a dor já é quase palpável.

O sonho que eu tinha outrora já não parece tão ruim quando comparado a isso.

Tento inutilmente afastar minha mente.

Penso em pegar uma tesoura na gaveta e acabar com o sofrimento ali mesmo. Desisto na hora, um suicídio mal sucedido pode ser pior que uma vida de bosta, como naquela HQ que um garoto tenta se suicidar com um tiro de escopeta na cara, só que sobrevive!

Depois disso ele ficou conhecido como “cara de cu”.

Já fiz um monte de merda nessa vida, mas nunca imaginei que um monte de merda iria me matar. É inevitável, a essa altura do campeonato a bosta já atingiu consistência de concreto, se eu cagar isso, vai ser como cagar uma construção inteira!

Tenho que ser realista: As chances de escapar com vida são menores que 10%. A bosta vai sair rasgando meus intestinos e eu morrerei de hemorragia interna.

Como eu queria ter uma puta francesa chupando meu pau nesse momento, talvez isso aliviasse minha dor e tornasse minha morte mais aceitável.

Estou rabiscando tudo que passa pela minha mente perturbada pela dor nesse pedaço de papel higiênico, e se você esta lendo isso é porque deu merda, ou seja, eu morri.

O papel já ta quase acabando e o diabo da tasmânia que guardo no bucho já alcançou a porta e parece me dar dentadas no rabo querendo sair.

Puta do caralho que te pariu!!!! Um homem merece uma morte mais digna que essa. O papel já ta quase acabando e eu não nem uma porra de frase de efeito pra me despedir.

As pessoas deve escutar mais suas mães ela me mandava comer verdura “ é bom pra fazer cocozinho na hora certa” dizia ela quando eu era criança. Eu devia - - “

olhos de gato numa noite aleatória.

mais um começo de noite de sábado em são paulo... ainda não passa da meia noite, mas decerto são mais de 23 horas.
meu guri ainda não chegou ao bar, mas até meia noite e meia ainda há tempo... enquanto isso, me distraio com minha vodka gelada com limão espremido, meu cigarro (que apesar de fraco, atrai o olhar irritado do bartender) e um par de olhos de gato que não param de me observar.
o dono dos felinos olhos cor-de-mel, astutos e enigmáticos, é um rapaz pouco acima dos 20 anos, de cabelos ondulados, castanho-acinzentados, caindo parcialmente sobre o rosto, até pouco acima de seus ombros largos. encontra-se semi-oculto pelas sombras no canto do ambiente, na ponta oposta à minha no balcão e sua aparência me fascina. seu rosto é oval; os lábios, sensuais e rubros; o nariz, fino e um tanto aquilino; a pele é alva como alabastro e macia como veludo e há algo nele que lhe dá uma aparência entre irreal e irresistível, sem que eu consiga me decidir por qual.
ele termina seu drink vermelho-vivo, que suponho acertadamente como sendo um bloody mary, quase ao mesmo tempo que termino minha vodka. ele me sorri, malicioso e sedutor, e após alguns sussurros trocados com o bartender, me vejo diante de outra vodka, "oferecida pelo senhor na outra ponta do balcão". retribuo o sorriso e aprecio lentamente minha bebida, trocando ocasionalmente olhares com o gentil rapaz.
analiso-o mais detalhadamente, prestando atenção em seu longo pescoço, no peitoral definido e sem pêlos visíveis, que se sobressai dentro da camisa pouco-abotoada de um cinza claro que veste. é magro, porém a musculatura definitivamente não pertence à alguém sedentário. quando ele levanta-se para colocar créditos na juke-box, posso ver suas grossas e compridas pernas, formando um conjunto onírico com sua cintura fina e ombros largos. definitivamente, o rapaz de olhos de gato faz o meu tipo.
a voz sexy de jim morrison então enche o ambiente, de um instante para o outro. people are strange é a primeira música. dou a última tragada no cigarro e começo a dançar, esquecida do mundo, e de quem quisesse olhar. de uns tempos para cá, vergonha deixou de ser problema... acho que o palco é a melhor terapia para resolver inibições... olho para ele e o vejo virando sua bebida de uma vez só. ainda tenho meia hora até meu garoto chegar... me dirijo ao banheiro do bar, chamando-o discretamente com um meneio de cabeça.
não tenho que esperar muito, até que ele dê uma ligeira batida na porta do banheiro. checo rapidamente se ninguém nos vê e o puxo para dentro. não lhe dou tempo para perguntas, calando-o logo com um beijo...
como ele é bem mais alto que eu, faço-o sentar-se sobre a tampa do vaso sanitário, puxando-o pelos cabelos desgrenhados e macios, e sento-me em seu colo.
tenho ganas de lhe rasgar a camisa, mas me contento em deixar a marca de minhas unhas afiadas em suas lindas costas lisas...
me divirto em sentir-lhe o gosto da pele, saborear seus suspiros desritmados, sua carne tão branca como que implorando pelas marcas de meus dentes...
a música parece mais alta, lá fora, enquanto suas grandes mãos macias percorrem meu corpo, querendo conhecê-lo por inteiro, em tão pouco tempo. mal percebo quando ele abre meu corset com os dentes, quero levar comigo um pouco de sua pele, de seu sangue...
ele me ergue de modo que minhas costas se apóiem na porta, enquanto me equilibro apoiando as pernas na tampa do vaso. sua boca, sedenta, aventura-se por entre minhas coxas, parecendo achar seu lugar em meu recôndito escuro, quente e úmido... e então, gloria começa a tocar, e me deixo ser usada por aquele a quem uso sem que ele sequer imagine, alcançando meu prazer sozinha, alcançando as mais distantes galáxias, pouco me importando com o que ele possa estar sentindo, ou melhor dizendo, totalmente fora de condição de pensar em qualquer outra coisa além de meu próprio orgasmo.
enfim, exausta e satisfeita, desço de meu estranho pedestal, me recomponho e mando-o esperar ali por mais 5 minutos, para que ninguém suspeite de coisa alguma.
retoco meu batom vermelho rapidamente, volto ao bar, pago minha bebida e saio, exatamente no momento que meu guri desce de sua reluzente moto negra para buscar-me e levar-me ao show de minha própria banda... dou-lhe um beijo frouxo, subimos na moto e partimos, logo após eu acender meu cigarro.
o que aconteceu com o rapaz dos olhos de gato? que me importa? foi bom enquanto durou.

[minha primeira tentativa de narrativa mais explícita, fruto de uma noite insone e uma azia de matar... espero que não esteja muito ruim...>_<'
by: sumire]

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Avisos Oníricos

30/06/2009

Sonhos

Argh! Que sonhos inquietantes tive esta noite.

Eu também tive um sonho muito loco.

Verdade? Conta o seu então.

Eu estava com algo no meu dedo indicador, bem na digital. Ali sabe?

Sim, e aí?

Bom aí que estava me incomodando, e doía um pouco, uma coisa estranha. Quando olhei melhor era um carrapato!
Peguei o desgraçado e arranquei-o dali, parecia uma jabuticaba. Maldito parasita!

Hahaha.

Depois fiquei encanado de ter pegado aquela febre do carrapato, acordei e demorei a dormir de novo.

Porra isso pode significar que tem algum parasita tentando viver as suas custas!

É. Realmente pode ser, e o teu sonho?

O meu? Bom, eu estou lendo um livro: como ter sonhos lúcidos em 30 dias. Isso na realidade, não no sonho. Uma das dicas é: você se concentrar em um tema, antes de dormir e resumir esse tema em uma frase.
Eu fiz o processo e a frase ficou assim: quero ter um sonho com sexo! Depois tem que repetir várias vezes a frase. Tive quatro sonhos com sexo!

Rapaz, você é bem louco, isso é eu chamo de viver perigosamente!

Por quê? O processo é totalmente seguro cara! Você controla teus sonhos, neles você pode tudo!

Então, por isso mesmo. Olha a frase que você usou: quero ter um sonho com sexo! Sabendo desse teu lado enrustido, no mínimo você deve ter ido parar em algum tipo de orgia sadomazogayanimalmovéisfilia!

Vai me deixar contar o sonho ou não?

Eu acertei? Vai ter algum elemento fresco no sonho?

Claro que não! Eu sou muito macho cara!

Continue sonhando!

Então, como estava te falando tive quatro sonhos seguidos com sexo, o primeiro é o mais enigmático e interessante. Eu estava, no campo, na roça e tinha uma dessas mercearias que vende de tudo, um desses botecos. Quando entro quem era a atendente? Duvido que você adivinhe!

Era a terapeuta do Nelson, aquela que fez um exame de próstata nele mesmo ele estado de calça jeans!

Cara, você tem problemas. Não, não era a terapeuta que deu uma dedada no Nelson, era a Lívia.

A Lívia? Começa a ficar interessante esse sonho.

Aí ela perguntava o que eu queria. Eu queria um trago, mas tinha somente coisas de criança: balas, chicletes, sorvetes e salgadinhos, refrigerantes, etc.

Tinha fanta uva?

Sei lá se tinha fanta uva, eu odeio fanta uva!

Eu gosto de fanta uva. Tudo bem, prossiga.

Chego no balcão e peço um picolé. Bom, ela pega o picolé, abre e dá uma chupada nele, e me entrega. Nossa fiquei que nem cachorro no cio!

Não sabia que cachorro tinha cio, cara.

Ah, o que importa é que você entendeu, então levei-a pros fundos da mercearia e comecei a jogar uma idéia nela. Ela resistia e tal, falando que tinha que ser profissional, estava no trabalho, então aconteceu! Em um momento de descuido, tasquei a língua na boca dela enquanto esfregava ela na parede no canto da sala.

Mas teve todo esse trabalho pra pegar a Lívia em um sonho que você podia tudo?

É... B em. Você sabe...
Hahaha não cara, ela queria, mas estava se fazendo de difícil.

Estava fazendo doce, entendi.

É.

E aí?

E aí que, depois disso ela me mandou embora, que a família dela estava toda lá e essas coisas.

Mas rolou um sexo nervoso?

No caminho lembrando como a foda tinha sido gostosa resolvi voltar e dar mais umazinha.
Comi. Porra! Claro que rolou um sexo nervoso. Você esta me irritando! Puta que pariu!
Bom, onde eu estava?

Voltando para a mercearia.

Sim, eu voltei querendo comer de novo, nessa parte o sonho fica estranho!
Acredito que a partir daqui o sonho foi meio que influenciado por um monte de poesias do Augusto dos Anjos, e dos pornôs que assisti.
Eu chego na mercearia, nesse momento a raiva me sobe a cabeça, o mais louco é que eu não sinto somente ela, tudo fica misturado, desprezo, indiferença, inveja, sim fico na porta olhando toda família dela, agora eram camponeses selvagens, com tochas e armas afiadas, umas 20 pessoas me esperavam. E o mais bizarro era um bebê sendo carregado em um cesto, que emanava um monte de luz, e parecia ser o menino Jesus.
Só sei que em um arroubo de fúria contra toda essa gente fui matando todos com as próprias armas deles e requintes de crueldade, todo mundo foi ficando assustado, e já começavam a perceber a grande burrada em que eles estavam se metendo, sozinho já tinha matado uns cinco, e continuava trucidando os camponeses selvagens.

Matou a Virgem Maria usando o Menino Jesus como arma? Isso sim seria bizarro.

Até deficiente eu matei. O menino Jesus é a parte mais foda, parei quando chegou a vez dele, e ao invés de matar, dei uma arma na mão da criança e ordenei que ele matasse a outra criança que estava do lado.
Depois disso não lembro mais o que aconteceu nesse sonho. Parece que mudou pra outro cenário, não sei o que ele fez com a arma.

E os outros? Você tinha falado que eram quatro.

São desinteressantes perto deste. Sexo simples e casual como nos filmes pornôs. Mas o primeiro me deixou impressionado, uma combinação do meu dia: sexo, poesia e violência.

Depois desse sonho, meu carrapato onírico não é mais tão interessante!

Sonhos escrevem certo por linhas tortas, é nosso subconsciente tentando nos avisar algo.

Um aviso para que você tente pegar a Lívia?

Seria mais como: Se você comer a Lívia essa mulher vai transformar sua vida num pequeno inferno!

Sim! E nem o menino Jesus irá te salvar.