terça-feira, 31 de agosto de 2010

despindo-se.

arranquei enfim o coração, como o último acessório da roupa que eu escolhera com tanto esmero.
lancei à um canto poeirento do quarto barato de motel, junto com as roupas.
tomei mais um longo gole do whiskey barato, dei mais uma longa e última tragada no cigarro, antes de lançá-lo pela janela, junto com o pouco bom-senso que me restava.
e então me entreguei à luxúria que vinha me corroendo por dentro, sem remorsos ou temores, já que nenhum sentimento se colocaria entre eu e minha presa naquela cama impessoal.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lascívia.

Ele é interessante, bonito, divertido.
Atencioso, além de instigante.
Por todos os deuses da bebida, se eu tivesse a chance, não ia sobrar nada dele.
Macularia de chagas toda aquela carne alvíssima, colocaria em marcas toda a intensidade do meu desejo...
Eu sorveria seus beijos mais sedenta do que estaria por água em um deserto, e desvendaria seu corpo inteiro, buscando por cada ponto que pudesse nos levar à êxtases inauditos...
Eu me perderia em seu ser, transformando em realidade cada sonho que me agita as noites; eu guardaria seu gosto, seu cheiro e seus suspiros como preciosos tesouros na memória...
Eu lhe mostraria minha alma, sem palavras, e também apreenderia sua essência sem que ele notasse, furtiva como uma ladra...
Deuses da embriaguez, se eu tivesse a chance, eu me entregaria de corpo e alma nesse ato, e tão completamente que eu passaria a fazer parte dele, minha carne entranhada na dele, que tornaria-me droga, e fazendo-me notar pela abstinência em minhas ausências.